segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O país dos Perfeitinhos!


Portugal é mesmo o país dos perfeitinhos. Tuga que é Tuga não tem defeitos, só qualidades. E a maior qualidade do Tuga é a capacidade de apontar os defeitos dos outros. Mas vamos desviar a conversa para o motivo deste post que não é certamente o Zé Tuga, pelo menos, não como pano de fundo. Como a maior parte de vós saberá, na passada sexta-feira, o conhecido cronista Carlos Castro foi, segundo dizem, assassinado no seu quarto de hotel em NY, onde se encontrava o modelo Renato Seabra desde o passado dia 29 de Dezembro.
Quando o Tuga achava que Janeiro estava a ser altamente aborrecido pois pássaros e peixes a aparecerem mortos e pressupostos de mudanças de sexo de Castelo Branco não enchem barriga, eis que seus olhos ganham nova luz ao "saber" que um Português, famoso, homossexual e polémico foi assassinado pelo seu jovem amante, sedento de fama, que "até lhe cortou os tomates" - dizem. Os cafés ganham nova vida, as mercearias enchem-se de clientela , cabeleireiros e barbeiros voltam a ser palco da elaboração das mais fantásticas e infalíveis teorias, dignas de um pensador de topo da Escola Socrática. O acontecido é relatado à entrada de cada novo "jurado", repetindo-se vezes sem conta e ganhando novos contornos pois cada um deles "é que sabe como tudo se passou". Os factos são apurados, o ponto de ignição da tragédia, o modus operandi e a culpa são ao fim de meia hora apurados. Até a pena a aplicar é deliberada, no pressuposto do "Se fosse eu que mandasse nesta merda..."!
Como toda a gente, também tenho uma opinião acerca do sucedido, ou várias... Invariávelmente, também fiz a minha análise baseada nos factos apresentados nas noticias e na minha "capacidade" de análise. Não é preciso ser um Einstein para juntar A + B. Só que a minha opinião tem uma pequena falha, quase nem se vê... Se eu nem contasse, fosse confiante no meu relato e escolhesse o público certo... Ninguém ficava a saber. A saber o quê? Que eu não sou investigador forense, nem criminalista, nem detective de homicidios... Shiiiiuuuuuu... E já agora aproveito para confessar que também não sou mecânico, médico, politico, jogador ou árbitro de futebol... A merda toda é que a generalidade do país é. É investigador, é advogado, é juíz e se o deixassem, também era carrasco!
Eu não sei se o puto matou o homem, aparentemente, dizem que tudo aponta nesse sentido. Não sei se o fez, mas se o fez, alguma coisa o motivou. Não sei se era uma relação se amor verdadeiro, no entanto é possível. O amor tem razões que a própria razão desconhece.  Não sei se o rapaz estava louco, embriagado, drogado ou nenhuma das 3. O que eu sei é que nenhum de nós tem o direito de julgar. Ninguém pode dizer que nunca faria "uma coisa destas". O futuro está por escrever e a sua deliberação está dependente de milhares de factores dos quais nem nos apercebemos. Ninguém sabe o que se passou naquele dia naquele quarto de hotel nem nos dias que o antecederam. Ninguém sabe de nada. Ninguém sabe o que se passa para além do alcance olho e do ouvido.
Julga-se a vitima por "gostar de rapazinhos" , julga-se o "agressor" por "andar atrás do dinheiro do velho"... Julga-se o jovem por o ter morto e o velho por ter morrido...
E é triste. é muito triste falar do acontecido, julgar e condenar. E isto acontece porquê? Porque somos todos tão perfeitinhos. Não nos podemos esquecer que estamos a falar em primeiro lugar da vida de um homem que foi violentamente ceifada, independentemente se fez por merecê-lo ou não. Isso não iliba a nossa atitude. E por outro lado, e quanto a mim muito mais importante que isso, estamos a falar da vida de um jovem de 21 anos, que a vê igualmente terminada por um acto de descontrole emocional ou racional despoletado niguém sabe por que carga de água e que à parte dele e de quem está encarregue de o descobrir, ninguém se encontra em posição de discutir.

É um país de perfeitinhos de merda. Ou melhor, a Europa é um continente de perfeitinhos de merda. Ou ainda melhor, a Terra é um mundo de perfeitinhos de merda. E a merda toda é que somos todos tão perfeitinhos, até um dia que nos distraímos da nossa índole perfeccionista, e com toda a perfeição, pomos a puta da pata per-fei-ta-men-te na poça!!!

1 comentário:

Sofia disse...

Somos um país de perfietinhos e Jay, permite-me acrescentar, somos um país sedento de sangue, pois quanto mais macrabra for a história mais se fala e rende! Estamos a falar de duas vidas que terminaram. A de um que até foi longa e farta e a de outro que não chegou ainda a ser; e isso sim é que é triste! Ninguém está livre de lhe passar uma coisinha má pela cabeça e cometer uma loucura...se calhar prevenia-se muitas dessas situações se não vivessemos num mundo dominado pela opulencia e pela aparencia, mas isso agora é outro assunto! Tenho pena do sucedido, porque a vida não é algo que se deva brincar e mais uma vez fica provado que portugal só aparece no mapa quando alguma coisa extraordinaria acontece...e quase sempre por mal......