quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mimi


Esta é a triste história de Mimi.

Mimi era uma Tia do mais Tia que se possa imaginar.
Nunca trabalhou, nunca armou peixeirada em público, segurava a chávena de chá com dois dedos e em hipótese alguma dirigiria a palavra a uma "subalterna". Ficara conhecida no metier por uma série de obras de caridade que nunca fizera e por uma imensa fortuna a que nunca vira a cor.
Mimi era aquela cujo sangue não corria nas veias, deslizava com delicadeza.
Ao pé de Mimi, Cinha Jardim era uma menina.
Lili Caneças? Uma amadora.
Paula Bobone? Que mulher tão brega...
Mimi era tão Tia que nem os próprios filhos tinham permissão para a chamar de mãe. Se quisessem, chamavam-na de Tia ou então simplesmente não chamavam!

Poderá mesmo dizer-se sem incorrer em exageros que Mimi era A Tia. A única, a verdadeira, a matriarca de todas as Tias. Aquela de quem se ouviam contos e lendas mas todos pensavam não passar de um mito. Mimi estava para as Tias como o Conde Drácula está para os vampiros.

A senhora era tão convicta da sua classe que acabou por levar a União Portuguesa de restaurantes Italianos a unir-se para lhe mover um processo em tribunal que resultou numa providência cautelar que a proíbe de se aproximar das suas portas a menos de duzentos metros.
Não é que Sua Chiqueza sempre que ia comer lasanha dava com os cozinheiros em doidos?
Há que de rei (expressão nortenha para "teimosa do car@lho") que não queria molho bechamel. Cismava que a sua lasanha tinha que ser feita com molho beChannel...

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