segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Por favor não façam isso ao Natal


Pelo andar da carruagem, começo a achar que devo ser algo que se classifique como "Ave rara" ou algo do género. Porquê? Porque gosto do Natal. Porque gosto do Espírito de Natal, do Pai Natal, da Mãe Natal, das luzes que enfeitam as ruas, das músicas de Natal no Shopping, da véspera de Natal à lareira, do bacalhau e excepcionalmente nesta noite, até as putas das batatas cozidas me sabem bem.
Não sei se foi por ter tido uma infância "fraquinha", se por fazer anos a dois dias do Natal, o que também fez com que saísse prejudicado no que toca a prendas, se pura e simplesmente por ser um calhau frio com um bocadinho de coração. O que eu sei, é que gramo "bué" o Natal! Lógicamente de uma forma diferente de quando era criança, pois a magia do Natal, aquela que mexia com a força das pernas e as fazia tremelicar quando nos dava aquele misto de medo e ansiedade por o Pai Natal andar pela casa enquanto todos dormiamos (ainda que na chaminé lá de casa não passasse nem a Kate Moss), essa magia desaparece no dia em que alguém, normalmente um irmão ou irmã, acorda mal-disposto e nos diz " Ó cromo, o Pai Natal não existe, pah..." e vira costas, deixando-nos ali parados em estado de choque, de olhos esbugalhados como os marretas, fitando inertes o infínito... Arriscaria até dizer que um gajo passa a homem não no dia que aparecem os primeiros pêlos púbicos mas no dia em que descobre que o Pai Natal não existe. A partir daqui tudo muda, o Natal não é mais mágico mas continua a ser giro. No entanto não tem que ser o fim. Não há renas nem trenós voadores, nem velhos de barbas, doendes e fábricas na Lapónia, mas há tudo o resto. Continua a ser agradável pela sensação de conforto familiar. É o dia de estarmos todos juntos. Todos de camisola de gola alta e pantufas de pé de urso a jogar lotto. É o dia de acordar e a família estar toda abancada pelos quartos e pela sala. É o dia de acordar e ver o Natal dos hospitais de 1988 na RTP memória.

"O dia de Natal é um dia igual aos outros!" - Claro que não é. E todos sabem disso. É um estado de negação de quem gostava que o Natal tivesse mais qualquer coisa que lhes está a faltar. Um marido falecido, um irmão desaparecido ou um filho tresmalhado. Não só o Natal não é um dia como os outros como é um dia pior que os outros. É um dia que inflaciona qualquer sentimento dentro de qualquer coração e o faz transbordar, quer seja bom ou mau. Até Hitler ia a casa no Natal, pelo amor da Santa...

Agora... Grave, grave é disfarçar o Natal... Por mais pobre que fosse a minha infância, os meus pais faziam questão de nos dar um Natal como manda a sapatilha! Tenho pena dos putos de hoje em dia. É cada vez mais comum ouvir comentários como " Vou comprar uma árvore pequenina, para não ocupar muito espaço (e quando digo pequenina é mesmo coisa para uns 30cm)... Oh, afinal o Natal é um dia como os outros..." Não façam isso. Se há coisa pior que não fazer algo é fazer mal feito. E "enganar" os putos com uma árvore pequenininhaaaaaaa... É foder as crianças. É a mesma coisa que conhecer uma catraia com um peito todo giro e bem formado e na hora H descobrir que ela tinha WonderBra. Aparentemente é igual, mas na realidade... Não é!
E convenhamos, o prazer de enfeitar um pinheiro de Natal de 2m de altura não tem preço.
Que as pessoas estejam tão absorvidas pelos problemas, pela crise, os aumentos da gasolina, e que andem desanimados, entende-se. Não se entende é que obriguem as crianças a senti-lo e passarem à frente um dos mais importantes momentos do ano para elas, o Natal.
Não façam isso ao Natal e não façam isso à canalha. O Natal é uma altura de festa. Uma festa da família e dos acima de tudo uma celebração da amizade. Tanta conversa ouço com a tradição isto, a tradição aquilo, eh pah... Então façam cumprir a tradição. Os doces, o bacalhau, os rituais, o Pai Natal (no caso de haver crianças), tudo.
Como já deve ter dado para perceber, estou-me nas tintas para o significado religioso. Para o nascimento de Cristo, para a virgindade de Maria e a passividade de José. Não me interessa quem é o pai da criança. Mas não podemos nunca em consciência, deixar de apreciar o calor do Natal, deixar de apreciar a companhia da família e dos amigos, até mesmo por respeito por quem não o pode fazer. Temos o resto do ano para pensar nos problemas...

1 comentário:

Sofia disse...

Fdx alguém devia-te pagar uma comissão pela defesa do natal! Opa que gostes dos pinheiros de 2metros ainda vá que não vá....mas as putas das musiquinhas de natal..... pleassseeeee! não há quem aguente!!!!!
Mas não desanimes rafeiro, lá em casa o Natal é Natal em cheio e nos teus anos também :D nada de misturas :D